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CULTURA SANTANENSE

Elementos ricos povoam a imaginação do povo santanense. Não podemos perder nada, tudo deve ser REGISTRADO

domingo, 3 de abril de 2011

RELEMBRANDO O PASSADO SANTANENSE#01

RIACHO DE SANTANA (1820 - 1930)

Os alicerces da povoação do município de Riacho de Santana surgem através de fatos intimamente relacionados com o próprio contexto da época,situada no século XVIII. A expansão da pecuária e a ação dos bandeirantes davam origem à descoberta de novos locais propícios a ocupação humana. As chamadas trilhas do gado abriam os caminhos para essas terras, e os comboieiros levavam o gado destinando-se ao sertão nordestino, advindos do alto São Francisco. As terras que hoje fazem parte do município santanense, se distribuem ao longo do Rio Santana, cujo curso se estende por 48 km, desde a nascente no município de Luiz Gomes, até a desembocadura na Fazenda Cacimbas, Apodi. No vale deste rio veio o seio de uma nova cidade. A fertilidade das terras ao redor do Rio Santana, cheias de córregos e pequenos riachos afluentes, atraía olhares para desenvolvimento de atividades agrícolas e pecuárias.
PRIMEIROS INDÍCIOS DE POVOAMENTO FIXO NA REGIÃO.As primeiras propriedades que perfazem a área atual do município eram de famílias abastadas da região. O primeiro a receber terras e ser donatário aqui foi o Capitão Joaquim Antônio de Carvalho, patriarca da família Felipe e muitas outras. Joaquim Antônio nasceu em 1820 e morreu em 1920, faltando quatro dias para completar 100 anos. Um de seus filhos era José Antônio de Carvalho, dono da maior parte das terras do sítio Paul. José Antônio tinha como herdeiros Pedro Felipe, João Felipe, Francisco Felipe e Cosme Felipe. Este último fez enlace matrimonial com Joana Florentina da Conceição, filha do senhor Vicente Aires Afonso e de Dona Florentina Maria, do sítio Lagoa Redonda, e que juntamente com sua família, se estabeleceram no sítio Paul: os filhos Marcos Aires Afonso, Francisco Aires Afonso, José Aires Afonso, Miguel Aires Afonso, Manoel Aires Afonso, Tertuliano Aires Afonso, Pedro Aires Afonso, Josefa Florentina, Umbelina Florentina da Conceição, Joaquim Aires Afonso, Maria Aires e Rosa Aires. No sítio Paul também haviam terras pertencentes à família Soares, onde Joaquim Soares do Nascimento é o mais antigo patriarca que se tem nota. Este era casado com Antônia Soares, e pai de treze filhos. Também povoou este sítio, a família dos descendentes de Rufino Cardoso, que apesar de não ter morado no sítio Paul, teve seus filhos Antônio Lopes Cardoso, que foi casado com duas irmãs: Maria Cirila e Ana Cirila, netas de Joaquim Antônio de Carvalho; e Manoel Lopes Cardoso, ambos naturais do sítio Cacimbas, na região atual de Marcelino Vieira, residindo e formando uma grande família lá, bem como os Galdino e os descendentes de Antônio Cego. Outras terras pertenciam a posseiros, que mansa e pacificamente se apropriavam de terrenos aparentemente sem dono. Desta forma, podemos identificar alguns proprietários já em meados do século 19, como Joaquim Ferreira Nunes, nos sítios Quintas, Poço da Pedra, Taboleiro do Padre e Caiçara (ambas as comunidades são pertencentes ao município de Riacho de Santana). Joaquim Ferreira Nunes era casado com Ana Ferreira Nunes, com a qual teve, dentre outros, alguns filhos: Sátiro Ferreira Nunes, Manoel Ferreira Nunes, Antônio Ferreira Nunes e Maria José Ferreira Nunes. Sátiro, casado com Cláudia Cavalcanti, morou no Poço da Pedra com a família, seus filhos Israel Ferreira Nunes – advogado e político estadual – Lycurgo Ferreira Nunes – Advogado e  político – Erundina Ferreira Nunes, casada com João Fernandes Dantas, e Maria Ferreira Nunes, casada com José Euclides Fernandes. Além de outros, que não tiveram relação com a história de Riacho de Santana. Maria José Ferreira deu origem a outro ramo da família, os Barbosa. Casada com Joaquim Bernardo de Lima, sendo mãe de Manoel Joaquim de Lima, conhecido como Manoel de Quinco. Na família também havia Francisco Barbosa de Lima, casado com Maria Cassimira de Jesus, e pai de Manoel Francisco de Lima, mais identificado com Manoel Chico. Ambos os ramos familiares tinha base no Poço da Pedra, onde detinham grande parte das terras. O marco mais antigo da estadia da família em terras santanenses é uma casa, construída em 1846, por Antônio Barbosa Cavalcante, membro ligado aos Barbosa, dono de propriedades nos sítios Salobro e Oliveira, município de Luís Gomes. A casa permaneceu em seu poder até por volta de 1885, quando foi comprada por José Alexandre da Silva, natural do Arapuá (atualmente Vila Major Filipe - RN) que se instalou na respectiva moradia em 1888, quando se casou com Maria Raimunda da Conceição, filha de Vitória, atual Marcelino Vieira – RN. O casal tinha ao todo sete filhos, sendo um homem, Raimundo Alexandre da Silva, e seis mulheres: Francisca Maria de Jesus, Antônia Maria de Jesus, Hermina Maria de Jesus, Cristina Maria de Jesus, Regina Maria de Jesus e Isabel Maria de Jesus. Além desta edificação, que conta hoje com 164 anos de existência, o Poço da Pedra conta com outro registro da passagem da família Barbosa como pioneira, uma residência que era de Francisco Barbosa de Lima, e igualmente resiste ao tempo, aos 144 anos de sua construção, já que foi construída em 1866.
A maior parte dos contingentes populacionais posteriores as famílias donas destas propriedades se formaram com ondas migratórias advindas de diversas partes da região a partir de 1877, em virtude da seca que assolava o Nordeste. Até a primeira década do século XX, ainda haviam famílias chegando a região do Rio Santana e se adaptando ao novo local.
A região subsequente a os sítios Paul e Poço da Pedra, conhecida como setor de cima, é mais privilegiada pelos benefícios do Rio. A toponímia do sítio Paul provém da grande quantidade de adubo encontrada após as enchentes, e o Poço da Pedra recebe essa denominação por causa de uma volta no Rio Santana, nas propriedades da família Quinco, onde se encontrava um grande poço, com uma pedra dentro dele. Os sítios Gameleira e Catingueira tinham como base populacional ramos familiares do Poço da Pedra, como a família Pereira (do patriarca José Pereira e filhos Sebastião Pereira, Silvino Pereira, Antônio Pereira e Francisco Pereira) e a família Nunes. Nas duas localidades, a denominação se atribuiu às matas nativas presentes. Já os sítios Taboleiro do Padre e Caiçara tiveram a presença das famílias Elias, Justino e Silivano, como primeiros indícios de uma comunidade. Diz-se que o nome Taboleiro do Padre deriva da ação do Padre Militão, e a denominação Caiçara provém das cercas de pau-a-pique construídas no início da povoação. Há ainda o sítio Quintas, mais distante desse complexo, que teve como pioneiros a família Quinco, e a família Fernandes, de Antônio Fernandes Cavalcante e Maria Fernandes Cavalcante.
Entre essa região já apresentada, e o chamado “setor de baixo”, do qual faria parte o Alto dos Bernardinos, está os atuais bairros Centro e Vale do Santana.
O Centro Urbano atual correspondia à terras que até meados de 1910, pertenciam ao senhor Manoel de Supriano. Neste ano, a família de Manoel Cajé da Silva, casado com Maria Alexandrina da Conceição, saída do sítio Cajé, na serra do Garrancho (atual município de Poço Dantas PB), comprou a Manoel de Supriano, por 900 réis,
uma propriedade com uma légua de comprimento, sendo meia légua (cerca de 3300 metros) a cada margem do Rio Santana, e aproximadamente 500 metros de largura. A referida propriedade se localizava, portanto, entre duas serras. Nesta propriedade, Manoel Cajé, que era pedreiro e carpinteiro, construiu uma enorme casa onde morou com seus filhos, sendo que já era viúvo, e sua esposa também. Bem próximo ao Centro Urbano está atualmente o sítio Santo Antônio, que recebe essa denominação por causa da devoção de um dos primeiros proprietários, Cesário Lopes de Queiroz, ao referido santo. Várias famílias moravam no lugar, como José Cajé, já casado com Umbelina Florentina; Josefa Florentina, casada com João Santos; Antônia Soares veio também depois, morar nessa região.
O chamado Sítio Junco, atual bairro Vale do Santana, tem como alicerce principal a família Gabriel, pioneira na região. Antônio Gabriel de Melo e Maria Fernandes de Lima eram provenientes de Alexandria, e possuíam a fazenda Junco, uma edificação que até hoje está de pé, e além de muitas terras, contava com uma casa grande, um engenho e um pequeno açude. Lá moraram Antônio, Maria e seus filhos. No ano de 1918, por causa da seca que assolava duramente a região, Antônio Gabriel teve que vender a fazenda a Manoel Vicente de Fontes, e se deslocou para o sítio Lagoa de Pedras. Manoel Vicente de Fontes era do sítio Pejuaba, atual município de José da Penha e se mudou para a fazenda no ano de 1926. Casado com Júlia Emília de Fontes, era pai de muitos filhos, porém apenas alguns prosseguiram vivendo em Riacho de Santana: Davina de Fontes Lopes, Matilde Fontes Ferreira, Vicente de Fontes e Antônio Martins de Fontes.
O chamado “setor de baixo” se inicia após o Alto dos Bernardinos, reconhecido oficialmente como Bairro São Gonçalo. A região é conhecida como Alto dos Bernardinos em decorrência do clã pioneiro naquelas terras. O casal Bernardino Ferreira de Lima e Alexandrina do Espírito Santo, construiu uma pequena casa numa “quadra de terras, próxima ao sítio Lagoa de Pedras, limitando-se pelo Oeste, com a estrada carroçável que vai de Riacho de Santana a Água Nova; e pelo Norte com as propriedades de João José Gonçalves.”(FORMAL DE PARTILHA DOS BENS DE JOÃO BERNARDINO DE LIMA) O desenvolvimento gradativo deste região se deu com os filhos do primeiro casal, João Bernardino de Lima, Adauto Bernardino de Lima, Manoel Avelino Ferreira de Lima, e Antônia Alexandrina (que faleceu, mas seu esposo Esperidião João da Costa prosseguiu morando no Alto). Os demais irmãos (Francisco Bernardino, Maria Natividade, e Maria Alexandrina) moravam em São Sebastião – RN.
O setor de baixo corresponde aos sítios Pau D'Arco, Sobradinho, Muquém e Caeiras, além dos sítios Baixa do Arroz e Catolezinho, que são um pouco mais distantes.
A família Ciríaco, cujo patriarca era João Ciríaco da Costa, juntamente com a família de Pedro Viana do Nascimento e Mariana Viana do Nascimento, chegaram em I877 à uma região santanense rica em mata nativa de pau d'Arco, dando assim o nome de Pau D'Arco à nova localidade. Outros primeiros habitantes da região foram Manoel Faustino da Silva e Maria Rosa da Conceição; João Mariano; e Antônio Pereira. O sítio Pau D'Arco alcançou significativo desenvolvimento agrícola ainda na primeira década do século XX, pois em 1908, com a construção do Açude Santana, no sítio vizinho Gangorra, atual município de Rafael Fernandes, aumentou-se a produção de fumo, batata, e alimentos; e em 1911, surge a atividade do plantio da cana-de-açúcar, através de João Ciríaco. Esta última se intensificou mais ainda com a construção de um engenho em 1918, também por João Ciríaco. Próximo ao sítio Pau D'Arco desenvolveu-se outra história local, onde Laurentino Alves da Costa, casado com Raimunda Bernarda, era um dos maiores proprietários de terra, ao lado de João Romão (que não residia na localidade)e Sebastião José de Oliveira – patriarca da família Monteiro. Por uma disputa por terras, Laurentino Alves foi assassinado por João Romão, deixando os filhos órfãos. A fazenda da família, que resiste ao tempo até hoje, servia de referência para a localidade, sendo a mesma conhecida por sítio Sobradinho. Ainda próximo a essas regiões também banhadas pelo Rio Santana, haviam as propriedades de João Luís Pereira, atualmente sítio Muquém, e as dos irmãos Francisco Alves Pereira, José Herculano do Nascimento, Pedro Herculano, Manoel Alves Pereira, Silvestre Alves Pereira e Antônio Alves, hoje sítio Caeira, cujo nome, presume-se derivar dos fogos de caeira que haviam na região.
Conforme foi mencionado, o sítio Lagoa de Pedras é vizinho ao Alto dos Bernardinos. As primeiras terras desse sítio pertenciam ás pioneiras famílias da região. João José Gonçalves e Maria Alexandrina da Conceição, que eram pais de uma numerosa prole,  foram um dos primeiros. Outro grande proprietário era Albino Fernandes de Bessa, casado duas vezes, respectivamente, com Ana Maria da Conceição e Carolinda Maria da Conceição. Pai de quatro filhos do primeiro casamento: José Albino Fernandes, João Albino, Antônio Albino e Manoel Albino, o senhor Albino era dono de “uma  propriedade cercada de madeira e com outra parte ainda em campo, nessa havia duas casas velhas de taipa e talha - herança da mãe Antônia Varela dos Santos; havia mais uma parte de terra apossada mansa e pacificamente, encravada no sítio, vizinha às propriedades de João Joaquim do Nascimento e de João Ludgero; e uma parte de terra denominada Caruá, que se constitui em regiões de caatinga, cercadas de madeira.” (FORMAL DE PARTILHA DOS BENS DE ALBINO FERNANDES DE BESSA). Dentre outros proprietários, haviam também Manoel Pedro do Nascimento.
O sítio Catolezinho tinha como primeiros habitantes os membros da família Canuto. A Baixa do Arroz era um emaranhado de terras bastante boas para o plantio de arroz, na sua maioria, propriedade da família Ferreira: Raimundo Ferreira da Costa e Dona Marcionila eram pais de Ozeias Ferreira, Antônio Ferreira, Horácio Ferreira, Raimundo Ferreira, e Manoel Ferreira.

Um comentário:

  1. Olá!!! Bruno Albino tudo bem? Gostaria muito de falar com você, sou tataraneta de António Gabriel de Melo e Maria Fernandes de Lima. Gostaria muito de saber mais a respeito deles.

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